Mercantilização da Infância

Informação e conscientização em meios digitais contra a mercantilização infantil na publicidade, no tocante a vaidade infantil.

Campanha Use e se Lambuze

Criada pela agência de publicidade OpusMúltipla Comunicação Integrada, a publicidade mídia externa (outdoor) use e se lambuze da marca Lilica Ripilica, foi exibida em 2008. Lançando a coleção inspirada no chá inglês, a coleção chamada Tea Time causou espasmo no público.
Em uma leitura ocidental, a foto em questão trás uma menina de aproximadamente 6 anos disposta no sofá, mais especificamente um divã. Todo o seu figurino são roupas e acessórios da loja: blusa, saia, lenço, colete, sapatos e meias tons magenta e branco. Com olhar fixo na câmara, a criança segura na sua mão esquerda uma guloseima, tem parte do rosto melecado aparentemente de açúcar do doce e um meio-sorriso nos lábios. A arte gráfica é ornada com temas florais e no centro ótico é marcado pelo slogan da campanha “Use e se Lambuze”. A imagem finaliza com a marca.
O sentido ambíguo e a adultização da menina são nítidos na campanha. A expressão facial e o sorriso lascivo, emprego das palavras, pose típica de campanhas adultas com teor sensual, e o contexto geral do cenário (iluminação, objetos de cena e objetiva utlilizada) induz a um mundo sério contrário a alegria da infância. Segundo o site Projeto Criança e consumo através de denuncia, a Marisol, disse que “se aproveitou da vulnerabilidade infantil, a empresa procura estimular comportamentos destoantes com o universo infantil e até mesmo nocivo à proteção integral e especial garantida pelo ordenamento pátrio”. As crianças não percebem a manipulação diante delas, e a própria marca tem um histórico de comunicação e publicidades abusivas atraindo ingenuamente o público infantil.
Lilica Ripilica vende peças de roupas e acessórios destinada classe A, cada peça em media por R$ 189,90. De acordo com a própria Marisol, a Lilica Ripilica é voltada para o seguinte segmento:
“A menina Lilica Ripilica sabe o que quer, pois é moderna, autêntica e sofisticada. Ela é diferente e tem estilo, sem perder a inocência e a delicadeza do mundo infantil. Tem atitude, é despojada e gosta de se manter informada sobre as tendências da próxima estação."

 Além de causar uma imagem na mente do consumidor, a marca é capaz de forma intangível causar sensações, experiências e percepções diferentes sejam pelo âmbito social, cultural ou aquisitivo. Esses efeitos afetam diretamente a personalidade da criança, despertando a escolha de produtos de “marcas” ou mais caro (ficam mais intensos quando ligados a personagens fictícios), a frequentar salões de beleza e preferência por compra de brinquedos e roupas que outros objetos mais úteis, tornando-as inconsequentes e distorcidas do valor de sociedade coletiva. 


Escrito por: Renato Barbato